quinta-feira, 23 de março de 2023

Campo Grande possui capacidade para construção de um sistema BRT?

Projeto do Sistema de Integrado
de Transporte em 1991.
Foto - Elídio Pinheiro
A capital Sul-Mato-Grossense viu um grande avanço em seu sistema de transporte coletivo nos anos 90 até o início dos anos 2000. Uma capital que chegava aos 500 mil habitantes nos anos 90 recebeu um sistema de transporte a altura de sua expansão na época, um sistema integrado, que possibilitava através dos seus terminais que o passageiro realizasse a integração física, possibilitando que o usuário utilizasse 2 ou mais veículos para chegar ao seu destino pagando apenas 1 tarifa.

O tempo passou e aquele sistema que era considerado excelente para a sua época foi ficando velho e apresentando cada vez mais sinais de desgaste, seja pela operação ou por falhas no atendimento em algumas regiões, passando até pela não conclusão de terminais que foram projetados no sistema integrado desenhado nos anos 90.

Em 2023, de acordo com a prévia do censo demográfico, Campo Grande está chegando a 1 milhão de habitantes, com uma população de exatamente 942.140 de acordo com a última divulgação do censo 2022, porém com um sistema de transporte ineficiente que aguarda a promessa dos corredores para tornar o itinerário mais rápido em uma cidade que recebe cada vez mais carros e motos e que do outro lado da esteira, perde cada vez mais usuários no transporte público.




Corredores de ônibus

Corredor de ônibus recém
inaugurado na Rua Brilhante
Foto: Denilson Secreta/Agetran
Os corredores de ônibus foram projetados no Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana (PDTMU) de Campo Grande em 2009, com o objetivo de aumentar a velocidade média dos veículos nos principais corredores da cidade, diminuindo o tempo de viagem do usuário e aumentando a oferta.

Foram projetados 3 corredores para a cidade:
-Corredor Sul (Ligando a região central ao Terminal Guaicurus);
-Corredor Norte (Ligando a região central ao Terminal Nova Bahia);
-Corredor Sudoeste (Ligando a região do Shopping Campo Grande ao Terminal Aero Rancho).

Passados mais de 10 anos da apresentação do projeto, em 2023 a cidade está contando com trechos dos corredores Sudoeste e Sul em funcionamento, agilizando a viagem dentro do trecho finalizado, porém a reclamação dos usuários continuam em cima da superlotação, chegando até a impossibilitar o embarque no veículo em determinados pontos dos corredores.

No momento o Corredor Sudoeste está em operação no trecho entre as ruas Guia Lopes, Brilhante até o Terminal Bandeirantes. No trecho da Avenida Marechal Deodoro até o Terminal Aero Rancho, as obras estão paralisadas, assim como na Avenida Bandeirantes, onde a pista já foi recapeada e sinalizada faltando apenas as estações de embarque e desembarque. Na Avenida Afonso Pena ainda não foram iniciadas as obras de implantação.

O Corredor Sul está em operação na Rua Rui Barbosa entre a Avenida Eduardo Elias Zahran e Avenida Mato Grosso, apresentando uma redução significativa no tempo da viagem. Nos demais trechos a obra ainda não foi realizada.

O Corredor Norte é o corredor com o menor avanço nas obras, não possuindo trecho em operação no momento, porém as obras paralisaram e assim como a Avenida Bandeirantes, falta implantar as estações de embarque e desembarque na Rua Bahia.

Esses corredores estão sendo incorporados a outros pontos com faixa exclusiva na região central, como a Avenida Calógeras, Rua 26 de Agosto, Rua Maracaju e Avenida Mato Grosso.

Fora da região central, a Avenida Duque de Caxias também conta com faixa exclusiva, ligando a praça Newton Cavalcante ao Aeroporto Internacional de Campo Grande.


Uma cidade pronta para receber um sistema BRT de qualidade

Ônibus do sistema BRT de
Sorocaba parado na estação de
pré-embarque. Foto: Alexandre Maciel
Ao verificar cidades do porte de Campo Grande, como Sorocaba em São Paulo, que conta com quase 740 mil habitantes e viu no BRT uma forma de revolucionar o transporte público. 

A prefeitura conseguiu unir a infraestrutura disponível nas suas avenidas com os seus corredores disponíveis na época, possibilitando a criação de corredores para o BRT e a implantação de estações de pré-embarque elevadas, possibilitando o livre acesso de todos os usuários aos veículos de forma rápida e prática, garantindo o aumento da velocidade média e a redução do tempo de viagem.

Junto com a tecnologia aplicada ao sistema, os usuários conseguem desfrutar do conforto, agilidade do sistema, aliado a facilidade de pagamento, junto com as informações de qualidade, através de vídeo, aplicativo e som.

Em Sorocaba, o sistema BRT opera como um sistema troncal, possibilitando a integração das regiões norte e sul com a região central da cidade. A integração entre o sistema convencional e o BRT se dá por meio dos terminais São Bento e Vitória Régia e no Terminal Santo Antônio, além de linhas alimentadoras em determinadas estações do BRT, transportando do usuário da estação ao BRT até o seu bairro de destino.


Capacidade de Campo Grande aplicar o BRT ao seu sistema de transporte

Ônibus acessando o Terminal Morenão
. Foto: Eduardo Benetti
Campo Grande possui uma infraestrutura parecida com Sorocaba no início da implantação do BRT, com suas avenidas largas e faixas exclusivas para ônibus construídas, além dos 3 corredores que estão em fase de implantação. 

Campo Grande já possui um sistema tronco-alimentador como herança do Sistema Integrado de Transporte (SIT), além dos terminais para alimentar o sistema.

Com essa estrutura pronta, a implantação do BRT em Campo Grande passa a deixar de ser tão complexo, sendo necessário o investimento nas plataformas de pré-embarque, além da adequação dos terminais para o sistema.

O BRT serviria como um sistema tronco, transportando os usuários de norte a sul da cidade, utilizando os corredores Norte, Sul e Sudoeste que, conforme o projeto, já apresentam uma infraestrutura perfeita para a implantação desse sistema. 

O grande custo de implantação do sistema ficaria em cima da frota, seria necessário ônibus adaptados para as novas estações, que possibilitasse o acesso de toda a população que utiliza o sistema de forma rápida, independente da deficiência, diminuindo o tempo de permanência do veículo na plataforma, aumentando a velocidade média e reduzindo o tempo de viagem.

Campo Grande possui todas as qualidades para implantar o sistema BRT e facilitar o deslocamento da população entre os extremos e o centro da cidade. Um sistema que pode transformar o transporte coletivo, reduzindo drasticamente o tempo de viagem, aumentando o conforto, possibilitando um acesso rápido e prático ao centro, oferecendo igualdade de acesso para todos os públicos e tornando o transporte público mais atrativo e eficiente em uma cidade que já enfrenta constantes congestionamentos nos horários de pico.

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